quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Candidatura de Marina abre espaço para discussão racial


Por Carina Seles

Caso a senadora Marina Silva, recém-filiada ao Partido Verde, seja confirmada como candidata presidencial, ela será a única afro-descendente, em um país diversificado racialmente.

Os demais pré-candidatos são José Serra ou Aécio Neves, ambos do PSDB, Ciro Gomes (PSB) e a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef (PT).

De acordo com Cristiano Bueno, coordenador do núcleo do Projeto Educafro do Jardim Rio Branco em São Vicente, a possibilidade existir um representante afro-descendente, vai de encontro à questão cultural. “Mesmo o País tendo metade da população afro-descendente, é considerado altamente preconceituoso”. Bueno explica que a questão racial brasileira é velada e compara com o quadro norte-americano. “Nos EUA, o preconceito é mais aberto, institucional.

Quem é preconceituoso fala que é. No Brasil, a maioria da população fala que não é, porém pensamentos e atitudes – como piadas e frases – comprovam que a população negra sofre com esse quadro”.

Cristiano tem a esperança da eleição da senadora virar um fato real. “Ela será uma válvula de escape para o eleitor que não for votar nem no PT, nem no PSDB”. O coordenador também ressaltou a importância de se ter uma representante que representa minorias. “A candidata é duas vezes discriminada na sociedade: por ser mulher e, principalmente, por ser negra”, finaliza.

BRASIL X EUA – Meio século após a morte de Martim Luther King, considerado um mártir dos direitos dos negros, houve a eleição de Barack Obama. O coordenador afirmou que esse fato se deu exatamente pelo atual presidente trabalhar com as mesmas idéias de políticas públicas de King.

Marina Silva, em entrevista à Revista Veja em 29 de agosto, afirmou que seria muita pretensão se apresentar como similar de Obama, apenas por ser negra.

BRASIL – O País já teve um presidente negro na história. Nilo Peçanha foi empossado em 1909, e governou a nação durante um ano, sucedendo o mandato após a morte de seu antecessor, Afonso Pena. Seu mandato se deu por ser integrante de uma família importante da política no Rio de Janeiro. Alguns pesquisadores afirmam que suas fotografias presidenciais eram retocadas para branquear sua pele escura. Seu casamento com uma descendente de aristocratas foi um escândalo social, pois a noiva teve que fugir de casa para poder se casar com um sujeito mulato. Em seu mandato, Nilo Peçanha criou o Ministerio da Agricultura e inaugurou o ensino técnico no Brasil.

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